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Sem mais,
Julia Campanucci

sábado, 14 de setembro de 2013

Sábado



Todo sábado é a mesma coisa. Sentada no velho sofá da sala, com um vestidinho florido, descalça, cabelo preso, desbanco a ilusão. Honestamente tudo parece combinar com a apatia dos finais de semana. Nem penso duas vezes e capturo a premeditada solidão e sem nenhum animo folheio as revistas de moda.

Feito bolacha água e sal, fico entre fazer as unhas pra começar a semana de bom humor e passar aquele novo esfoliante na pele que promete uma cara mais saudável na segunda-feira.

Nesse momento sou a extensão de minha preguiça. Alias, da apatia e nem adianta mencionar meu nome para fazer lavar a louça, arrumar o cabelo e sair para balada. Prefiro ficar por aqui entre um cochilo de saudade e um desânimo que não convoca e nem intimida o meu olhar encolhido nas almofadas amarelas do sofá.

Ainda não é fim de noite, mas o meu desconforto emocional anuncia que passarei inúmeras horas com réstias de solidão. É o carma do sábado de unhas feitas, cabelo escovado, pagamento de contas atrasadas, sorvete na esquina, revistas espalhadas pelo chão e um monte de planos desorganizados na cabeça.

Uma agonia. Um vazio. Uma insistente troca de canais da TV, para substituir o desejo de sair do próprio corpo só para xeretar escondida, o espaço onde você está. Vira e mexe pego o telefone como se fosse um brinquedo.

Procuro motivos, crio um texto explicativo para falar da saudade. Penso melhor, apago isso da mente e o sábado continua o seu trajeto. Fico num desassossego quando descubro que dentro de mim teu lugar é sagrado e garante uma sobrevivência eterna, embora minha boca insista no nunca mais. Sinceramente, acho isso uma porcaria e nem sei se penso assim sempre ou se é apenas um sintoma do sábado.

Poxa vida, foram muitos esforços em trocado do nada, aliás, em troca do sentimento de pertença, sem você me pertencer.

Penso em todos os sábados passados e digo baixinho que ainda não me entendi, mas acho um charme ser estranha, confusa, indefinida, incompleta dentro do caos, procurando os monossílabos e bons motivos para viver os folclóricos sonhos de felicidade.

É sábado. Um bom dia para remoer as lembranças. Amanhã, tudo volta ao normal.
Ita Portugal 


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