Lembrando que...

No meu blog há inúmeras imagens, artigos e materiais encontrados na internet.
Caso vc seja o autor de quaisquer materiais, deixe seu recadinho, que lhe darei os devidos créditos.
Sem mais,
Julia Campanucci

domingo, 10 de fevereiro de 2013

E ela parece perfeita




Uma história de: 



Ela é solteira. Não sozinha. Ela pinta as unhas de
vermelho quando quer. Mas, também, sabe 
deixar as unhas em cacos quando dá vontade. 
Esbanja esquisitices ao falar dos seriados prediletos. 
E se cala quando o assunto é sobre o porquê dela 
não ter namorado. 
Ela usa vestidos de tricô, daqueles clichês para 
tomar chá quando o tempo é frio. E bebe cervejas 
em canecas, como homens pré-históricos. Ela ri com as 
piadas de humor negro. Mas, também, se derrete mais 
do que picolé em frigideira quando recebe um SMS 
romântico de madrugada. Mas por que não namora? 
Ela acorda, toma chocolate quente, se arruma e vai trabalhar. 
Prefere usar preto. Mas desbanca qualquer havaiana 
bonita quando inova em alguma vestimenta cheia de 
flores coloridas. Ela é linda e desconversa. Fala do tempo, 
do futebol, da novela, da mãe, da crise do Paraguai e do 
Joseph Gordon-Levitt. Mas por que tu não namoras?



Quando o assunto é sexo, ela fala menos do que escuta. 

Escuta com os ouvidos, com os olhos, com a boca e 
com os pêlos da coxa. Transa menos do que deseja. 
E sabe esconder alguma aspirante a Sônia Braga dentro 
daquele decote comportado. Ela curte os Beatles, os 
Novos Baianos, Caetano e o Cícero. E fala que eu tenho 
péssimo tom de voz. Lê Caio, Keroauc, Fante e Gabito. 
Mas diz que, também, gosta das minhas histórias.


É estranha, também. Assumo. Corta o cabelo de acordo 

com as fases da lua e gosta de comer macarrão com 
feijão. Gosta de umas bandas que ninguém conhece e 
chora com as histórias do Nicholas Sparks. Liga o ar 
condicionado porque gosta de dormir sentindo frio e 
acaba repousando feito uma esquimó com meias e 
edredom. Uma linda esquimó, por sinal. Não sabe usar o 
celular. Costuma atender as ligações somente após a quarta 
tentativa de chamada. Não, ela não ignora. Ela perde tempo 
é procurando o celular na bolsa, debaixo da cama ou na pia 
do banheiro. Mas, vez em quando, ela sabe ignorar 
também. Não sabe dançar. Recusa os convites, 
mas adora ser convidada. Odeia batom e gosta de 
brincos de pena.


Mas por que ninguém conseguiu ultrapassar 
esse muro de  Berlim que você ergueu no teu peito? 
Ela desconversa. 
Ri de canto de boca e me pergunta se eu fumo tentando 
desviar o assunto pra longe. Eu insisto. Falo coisas demodês 
e jogo no ar o fato de que eu a acho perfeita. Ela empina
o nariz  o fino, me lança seus olhos verdes escuro e
ajeita-se sobre a mesa. 
Muda o tom e me fala: “Porque eu não quero”. E eu rio sem 
graça da minha maldita ideia de achar que todo mundo 
quer ter alguém para dividir os brownies. 




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