E no meio dessa confusão alguém partiu sem se despedir; foi triste.
Se houvesse uma despedida talvez fosse mais triste,
talvez tenha sido melhor assim,
uma separação como às vezes acontece em
um baile de carnaval — uma pessoa se perde da outra,
procura-a por um instante e depois adere a qualquer cordão.
É melhor para os amantes pensar que a última vez que se encontraram
se amaram muito — depois apenas aconteceu que não se encontraram mais.
Eles não se despediram, a vida é que os despediu,
cada um para seu lado — sem glória nem humilhação.
Creio que será permitido guardar uma leve tristeza,
e também uma lembrança boa;
que não será proibido confessar que às vezes se tem saudades;
nem será odioso dizer que a separação ao mesmo tempo nos traz
um inexplicável sentimento de alívio, e de sossego;
e um indefinível remorso; e um recôndito despeito.
(...)
Ah, talvez valesse a pena dizer que houve um telefonema que não pôde haver;
entretanto, é possível que não adiantasse nada. Para que explicações?
Esqueçamos as pequenas coisas mortificantes;
o silêncio torna tudo menos penoso;
lembremos apenas as coisas douradas e
digamos apenas a pequena palavra:
adeus.
A pequena palavra que se alonga
como um canto de cigarra perdido numa tarde de domingo.
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